O violão de nylon é companhia quando chove lá fora, com pouco esforço o som nasce e a lembrança de uma letra vem a memória. Tocar é como estar em um ambiente fechado, não necessariamente o ambiente físico que, no caso, é o quarto, mas sim numa atmosfera diferente.
A música traz um sentimento de eternidade, a poetisa brasileira Cora Carolina bem disse que “Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos”. Quando tocamos uma canção, homenageamos alguém que outrora a criou. Homenageamos as memórias e sentimentos que nasceram juntamente com os versos e palavras casadas.
Entretanto, quando não é a letra de outra pessoa que cantamos, o sentimento muda. Quando a música vem ao nosso encontro, é uma mistura de um novo sabor com a sensação de já tê-la escutado em algum lugar, sem saber que, na verdade, a música nasce de dentro e já existe há tempos, o que falta é libertá-la, como se fosse um pássaro dentro de uma gaiola. Nesse caso, a gaiola é você.
As canções estão para mim como um quadro que um artista pinta está para ele, não significa que seja bom, mas tem uma certa importância afetiva para quem o fez. Mesmo que ninguém nunca as conheça, sua própria existência traz ao coração o senso de dever cumprido.